terça-feira, 13 de maio de 2014

Dia 14 de maio. O que dizer sobre essa data?*






Não comemoramos o dia 13 de maio. Não há o que comemorar. Essa data é apenas para indagar, questionar. Façamos o paralelo histórico necessário. A Princesa Isabel libertou os escravos? Errado. A Escravidão no Brasil foi encerrada sob dois viés: primeiro: a luta e a resistência do povo negro que nunca foi passivo e aceitou ser escravo em troca de comida e achava as surras no Pelourinho momentos de puras e simples palmadazinhas. Segundo: todos os países estavam pondo um fim na escravidão. As relações comerciais com a Inglaterra estavam condicionadas a abolição do sistema. A princesa tinha o poder então em suas mãos e tratou de assinar. Nada por acaso, nada de bom grado. Nada por espírito humanitário.

Achar e reproduzir que a Princesa libertou os escravos é negar os Quilombos e a resistência de negras e negros. É negar Zumbi que com luta o povo negro incluiu na galeria de heróis nacional. 

Mas vamos a questão central de nosso texto que não traz o 13 e sim o 14 de maio como foco. Libertou e no dia seguinte? Para onde foram os negros recém "libertos"? Qual a política pós escravidão pensada e desenvolvida pelos governantes de então? Nenhuma. Zero.

Com o encerramento da escravidão, a violência contra o negro não encerrou. Negros e negras continuaram sendo perseguidos, agredidos e humilhados. A frontados, desrespeitados. Desumanizados. 

O negro sai da senzala e parte para o morro. A favela. Nascem daí justamente no pós 13 de maio. Em 14 de maio de 1888 nascem os morros e as invasões. Porque o negro foi justamente lançado à margem da margem, uma vez que como escravo já estava à margem da sociedade elitista e escravista de então.

Muitos negros - a história em sala de aula cita isso - continuaram nas fazendas e engenhos justamente por não terem para onde migrar. O negro continuou sendo escravo mesmo pós 13 de maio. Daí perguntamos: Comemorar o quê nessa data (in) feliz? A escola pública ainda reproduz velhas mentiras e alimenta na mente de muitos a pseuda história do Brasil que ainda hoje busca negar a negros e busca barra-los nos mais variados espaços. O acesso historicamente negado aos negros nas Universidades, daí ser hoje necessário a política de Cotas e Ações Afirmativas mas que não pode ficar sem a Política de Assistência Estudantil, porque não basta colocar o negro dentro da Universidade, é preciso que ele tenha condições de permanecer. 

Antes de pensar em comemorar o 13 de maio é preciso pensar no 14 de maio e os dias que seguiram e ainda seguem. É preciso antes de se deixar levar pela falácia de país igual, mistura de raças felizes e sem preconceito lembrar da juventude negra ainda hoje exterminada pelo braço armado do Estado. Lembrar de Cláudia da Silva cujo corpo foi arrastado recentemente e quantos outros são arrastados também. Lembrar que todo camburão de Polícia é também um navio negreiro.

Igualdade começa e termina com reparação. É preciso reparar para que então se possa algo a comemorar.

* PRB Igualdade Racial - movimento Setorial do Partido Republicano Brasileiro - PRB

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